"A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, Seção Rio Grande do Sul – ABES-RS – vem a público expressar sua profunda preocupação com as intensas queimadas que vêm ocorrendo nas últimas semanas, de forma recorrente e alarmante, em especial nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil.
Tais eventos estão causando severos impactos à qualidade do ar em diversos estados brasileiros, com efeitos sentidos inclusive no estado do Rio Grande do Sul, bem como repercussões graves sobre os biomas brasileiros, para além das ameaças que já enfrentavam. O aumento exponencial das queimadas tem gerado uma imensa dispersão de fumaça e materiais particulados finos, os quais possuem potencial para agravar os problemas de saúde pública, especialmente para as populações mais vulneráveis, como crianças, idosos e portadores de doenças respiratórias, elevando a pressão sobre o Sistema Único de Saúde (SUS).
O impacto vai além da fronteira nacional, afetando também países vizinhos como Argentina e Uruguai. E os efeitos não ficam restritos à poluição atmosférica, pois existe uma ameaça flagrante ao ciclo da água no Brasil, com prováveis reflexos em nossas fontes hídricas em termos de qualidade e quantidade, o que se constitui numa ameaça à segurança hídrica do país. Diante da magnitude desse problema, a ABES-RS reitera a necessidade urgente de que as autoridades brasileiras adotem medidas efetivas e integradas para conter esses eventos catastróficos, inclusive no âmbito da cooperação internacional com países vizinhos.
É imperativo que haja reforço e continuidade nas políticas de fiscalização e monitoramento da qualidade ambiental. Cabe aqui referir o descaso com as estações de monitoramento do ar, que infelizmente guarda similaridade com a fragilidade identificada nos sistemas de coleta de dados relativos aos recursos hídricos nos eventos recentes de cheia. Da mesma forma, é fundamental intensificar e fortalecer o combate ao desmatamento, repressão às práticas ilegais que favorecem a propagação das queimadas e medidas inclusive no âmbito legislativo, visando inibir tais práticas lesivas ao meio ambiente.
Faz-se necessária, ainda, a implementação de estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, bem como programas de incentivo à conservação e recuperação dos biomas ameaçados. Às portas da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), cuja sede será justamente o estado do Pará, estar diante de um cenário tão grave e generalizado de emissões atmosféricas é um problema de primeira grandeza, e que exige toda cooperação e envolvimento possível dos diversos atores.
Neste contexto, a ABES-RS se coloca à disposição para colaborar com as autoridades e instituições envolvidas, fornecendo apoio técnico e científico para que ações concretas e sustentáveis sejam adotadas. Não podemos permitir que essa situação de destruição ambiental continue agravando os problemas de saúde e ameaçando a segurança hídrica e climática do nosso país.
Atenciosamente,
Paulo Robinson Samuel
Presidente da ABES-RS
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